ENEL POA 2018

NOSSO TEMA

      Intitulada "Letras, mostra tua cara: reflexões e diálogos interculturais em tempos de crise", a XXXIX edição do Encontro Nacional de Estudantes de Letras (ENEL), a ser sediada em Porto Alegre - RS, propõe-se a trazer uma discussão que seja simultaneamente cultural e política. Considerando a conjuntura e os acontecimentos atuais, acreditamos na necessidade de se estabelecer um espaço de debates e conversas pensando na situação política que enfrentamos, especialmente em relação às universidades. Enquanto universitários e profissionais, somos afetados diretamente, e devemos refletir sobre como reagir a isso: que atitudes de resistência podemos tomar em face da marginalização da educação. Acreditamos que um dos meios é o diálogo, as trocas culturais, o intercâmbio e o compartilhamento de ideias e de vivências que esse espaço de encontro nos oferece. Então nós, enquanto estudantes independentes de Letras, propomos esse espaço de partilha e de luta. Vamos ocupar esse lugar e voltar nosso diálogo para formas de sobreviver, de restar, de ter voz, sabendo que o próprio diálogo já será uma forma de resistirmos.

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NOSSA ARTE

            A arte escolhida para representar o XXXIX Encontro Nacional de Estudantes de Letras - ENEL deseja simbolizar algumas das principais questões que desejamos trazer para o evento: em especial, a diversidade e a interculturalidade, o estereótipo do povo gaúcho e a construção de uma imagem representativa. Queremos que os diversos elementos que compõem o nosso logotipo sejam um lembrete frequente, um emblema e um símbolo das pautas que serão levantadas ao longo do evento e dos diálogos que buscamos estabelecer.

                 Na figura da mulher negra que estampa nossa imagem, buscamos dar continuidade à ação de representar mulheres na arte (como foi feito em 2017 em Belém-PA), bem como refletir sobre a colonização negra no Rio Grande do Sul. Muito pouco se ouve falar sobre a atuação da população negra na história daqui, sendo esse um assunto que é pouco debatido e muitas vezes se desconhece. Porém, os negros foram responsáveis pela formação de locais muito importantes de Porto Alegre, como o centro, a Cidade Baixa e os bairros Rio Branco e Montserrat. Além disso, houve a fundamental participação em um dos eventos mais conhecidos como o grupo Lanceiros Negros. A mulher que se coloca no centro de nosso símbolo representa em si a importância de serem debatidas essas questões, e também agrega outros significados a partir dos elementos que a cercam.

              Nas mãos, ela segura uma máscara e uma cuia de chimarrão. A proposta da cuia é remeter à cultura gaúcha e, para além disso, voltar às origens dessa cultura, visto que o chimarrão é um elemento indígena. Sobre a máscara, além de o símbolo da coruja representar o conhecimento e ser uma referência ao curso de Letras, ela relaciona-se com o título-tema do evento "Letras, mostra tua cara". Esta releitura do canção de Cazuza busca pensar sobre nosso papel enquanto estudantes de Letras. Qual é a nossa cara? Qual é a cara que queremos mostrar em tempos de crise? Tudo isso é tema para diálogos e reflexões, mas por ora propomos uma cara representativa, que pense acerca das questões do nosso cenário acadêmico, político e social. Na imagem, a máscara já foi retirada, repousa nas mãos enquanto vemos a representação de tudo o que devemos refletir.

Por fim, as cores de fundo da imagem espelham as cores da bandeira do Rio Grande do Sul e buscam ser uma representação do estado, ou melhor, da imagem que desejamos representar: um estado que se abre para outros e para a diversidade que nos constitui.